COVID-19 E O MULTILINGUISMO EM MOÇAMBIQUE

Autores

  • Crisófia Langa da Câmara Centro de Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane (UEM)

Palavras-chave:

Covid-19, comunicação, direito à saúde, multilinguismo

Resumo

Em contextos de pandemia, a comunicação desempenha um papel fundamental, pois, ajuda a influenciar a mudança de comportamentos, a identificar e gerir atempadamente a desinformação e assegurar o direito à saúde através de informação necessária e de qualidade sobre a Covid-19: de que doença se trata, qual é o período de encubação, as medidas de prevenção e os sintomas da doença na língua que cada cidadão melhor fala. Neste artigo, analisamos a estratégia de comunicação adoptada no contexto da Covid-19, através do conteúdo de spot informativos sobre a doença nas línguas Nyungwe, Sena, Changana e Copi. Os spots informativos analisados no presente trabalho mostram que houve falta de divulgação de informação completa sobre a Covid-19 em línguas moçambicanas. Houve fragmentação da mensagem fornecida aos falantes de cada uma das línguas analisadas e noutros ainda, os falantes tiveram informação impertinente. Esta constatação leva-nos a concluir que, em contextos multilingues, a qualidade da informação sobre saúde não é assegurada exclusivamente com o uso das diferentes línguas moçambicanas mas sim, através do tratamento cuidado do conteúdo transmitido através delas. O MISAU tem a responsabilidade de assegurar que o direito à informação sobre doenças seja garantido aos cidadãos, liderando o processo de produção de spots. 

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Publicado

2021-05-27

Como Citar

Câmara, C. L. da . (2021). COVID-19 E O MULTILINGUISMO EM MOÇAMBIQUE. Revista Científica Da UEM: Série Ciências Biomédicas E Saúde Pública. Obtido de http://www.revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/cbsp/article/view/130