PRÁTICAS E CONHECIMENTOS RELACIONADOS AO SANEAMENTO E HIGIENE NA COMUNIDADE DE MOPEIA

Autores

  • José Braz Chidassicua Ministério da Saúde
  • Rubens Camargo de Ferreira Adorno Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

saneamento, higienização, fecalismo, uso de latrina, comunidade rural

Resumo

Em Moçambique, apesar de se ter registrado um relativo progresso nos últimos anos em relação ao saneamento do meio e provisão da água potável, mais de 50% da população continua a não ter acesso ao saneamento básico. Este fato, associado às limitações na efetividade das intervenções sanitárias, tem contribuído para a mortalidade das crianças menores de 5 anos por doenças evitáveis como a diarreia. O estudo teve como objetivo Avaliar as atitudes, práticas e conhecimentos relacionados com o saneamento do meio e higiene na comunidade de Mopeia. Qualitativo quanto à abordagem, o estudo foi baseado no método etnográfico. Com base em guiões semiestruturado, foram conduzidas e gravadas entrevistas feitas a 12 mulheres que perderam os seus filhos de 0 – 5 anos em 2009 no Hospital Distrital de Mopeia por doenças diarreicas. Foram também entrevistados 1 líder comunitário e 1 curandeiro por constituírem guardiões das práticas tradicionais. Com base na observação direta e do uso de diário de campo, procuramos captar a prática de fecalismo a céu aberto e consumo de água e higienização dos utensílios domésticos pelos sujeitos da pesquisa. Como resultado, o estudo demonstra a ausência de latrinas nas famílias, socorrendo-se do Rio Cuacua como fonte alternativa para o consumo de água, higienização e oportunidade para a prática de fecalismo a céu aberto. O uso da cinza na falta de sabão para higienizar as mãos após o uso da latrina; e há conhecimento sobre os riscos à saúde pelo consumo de água de fontes não protegidas e a falta de higiene poderá contribuir para aparecimento de doenças infeciosas. A falta de condições socioeconómicas, aliada ao processo de socialização poderá estar a contribuir para a pratica de fecalismo a céu aberto e deficiente higienização e o consumo de água de fontes não protegidas. Estes factos poderão estar a contribuir para morbi mortalidade por doenças diarreicas, particularmente em crianças menores de 5 anos.

Referências

BERGER, P; Luckmann, T. A construção social da realidade: um livro sobre a sociologia do conhecimento. 2. ed. Lisboa: DINALIVRO, 2004.

BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

CAIRNCROSS et al. Water, sanitation and hygiene for the prevention of diarrhea International Journal of Epidemiology, v. 39, p. 193–205, 2010.

CAPRARA, A; landim, L. P. Etnografia: uso, potencialidade e limites na pesquisa em saúde. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v. 12, p. 363-376, 2008.

CURTIS V. A; DANQUAH, L. O; AUNGER, R. V. Planned, motivated and habitual hygiene behaviour: an eleven country review. Health Educ Res, v. 4, p. 655–673, 2009.

DPS Zambézia. Relatório de prestação de contas 2007. Maputo: MISAU, 2008.

INE. Relatório preliminar do Inquérito sobre Indicadores Múltiplos (MICs) 2008. Maputo: UNICEF, 2009

MOÇAMBIQUE. MAE. Perfil do distrito de Mopeia: província da Zambézia. Maputo: DNAL, 2005. 52p

MYNAYO, M. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: Minayo, M. C. S. (org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. P. 9-29.

UNICEF. National Child Mortality Report. Maputo, 2009.

O’LOUGHLIN, R. Follow-up of a low cost latrine promotion programme in one district of Amhara, Ethiopia: characteristics of early adopters and non-adopters. Tropical Medicine and International Health, v.11, p. 1406–15, 2006.

RUQUOY, Danielle. Situação de entrevista e estratégia do entrevistador. In: ALBARELO, Luc et. al (orgs). Práticas e métodos de investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1997.

ROCHA, Ana L. de Carvalho da; ECKERT, Cornélia. Etnografia: saberes e práticas. In: PINTO, Céli Regina Jardim; GUZZELLI, C. A. Barcellos (org.). Ciências Humanas: pesquisa e método. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008. p.9-24

SDSMAS. Relatório Anual 2010. Mopeia, 2010.

CONSO, Eduardo. Violência em resultado da desinformação sobre a cólera no país: MISAU assume meia culpa. MediaFax. Maputo, 26 de Fev. 2010, p.1-2.

SERRA, Carlos. Cólera e catarse. Maputo: UEM, 2003.

SETSAN. Relatório da Monitoria da situação alimentar e segurança e nutricional em Moçambique. Maputo, 2009.

UNICEF. Diarrhoea: Why children are still dying and what can be done. New York, 2009

UNICEF. Progress on Sanitation and Drinking-water: 2010 Update. Geneva: WHO, 2010.

UNICEF. Soap, Toilets, and Taps. A Foundation for Healthy Children. Disponivel em: www.unicef.org/wash/ files/ FINA. Acessado em: 26 de Junho de 2012.

VIVAS A. P. et al. Knowledge, attitudes and practices (KAP) of hygiene among school children in Angolela, Ethiopia. J. Prev. Med. Hyg, v. 51, p. 73-9, 2010.

XAVIER, Helder. Fecalismo a céu aberto: uma realidade nos bairros periféricos de Nampula. Disponivel em http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/ 35-themadefundo/25040-fec. Acessado em; 26 de Junho de 2012

##submission.downloads##

Publicado

2020-10-12

Como Citar

Chidassicua, J. B. ., & Adorno, R. C. de F. . (2020). PRÁTICAS E CONHECIMENTOS RELACIONADOS AO SANEAMENTO E HIGIENE NA COMUNIDADE DE MOPEIA. Revista Científica Da UEM: Série Ciências Biomédicas E Saúde Pública, 1(1). Obtido de http://www.revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/cbsp/article/view/11

Edição

Secção

Artigos