ESTRATÉGIAS DE NOMINALIZAÇÕES DEVERBAIS DE CLASSES NÃO HUMANAS NO CINYANJA
Resumo
Este artigo visa descrever os processos de nominalização deverbal no Cinyanja relativos às classes nominais distintas das classes 1 e 2. A derivação de nomes a partir de classes humanas é um processo produtivo na língua para a formação de substantivos agentivos a partir de verbos, por meio da afixação de prefixos das referidas classes e da vogal final –i como em m-phunzits-i (professor) derivado do verbo ku-phunzíts-a (ensinar) (MCHOMBO, 2017). As nominalizações construídas a partir de prefixos das classes nominais distintas das classes 1 e 2 não formam nomes agentivos, mas denotam a própria eventividade expressa pelo verbo ou a maneira de se desempenhar tal eventividade. Tomemos como exemplo o nome ‘sonho’ lot-o derivado do verbo ‘sonhar’ ku-lot-a, formado a partir da classe 5, um prefixo nulo, e a vogal final – o. Também o nome ‘louvor’ derivado do verbo ‘louvar’: ku-tamand-a, construída com o prefixo da classe 7: ci-tamand-o, ou ainda o nome ‘cura’ n-ciz-o da classe 3, derivado do verbo ‘curar’ ku-ciz-a. Também, apuramos outra forma, construída a partir do prefixo da classe 14 com a vogal final -o, u-phunzíts-o ‘maneira de ensinar’. Constatamos que, independentemente da nominalização deverbal singular utilizada, o plural será o prefixo de classe nominal 6 “ma-“, assim temos ma-lot-o, ma-tamand-o, ma-ciz-o e ma-phunzits-o, respectivamente. Usou-se o método introspectivo, uma vez que o coautor é falante nativo e o método bibliográfico, buscou-se o material disponível. O principal objetivo deste artigo é descrever os processos de nominalização referidos e seus contextos de uso pertinentes.
Referências
BLEEK, W. H. I. A comparative grammar of South African languages. Cape Town and London: J.C. Juta and Trubner & Co, 1862.
BRESNAN, J.; MCHOMBO S. A. Topic, Pronoun, and Agreement in Chicheŵa. 1987. 741–782 pp.
CHARTERIS-BLACK, J. Speaking with forked tongue: a comparative study of metaphor and metonymy in English and Malay phraseology. Metaphor and Symbol, n. 18, v. 4, 2003.
DENNY, J. P; CREIDER, C. A. The semantics of noun classes in Proto-Bantu. In: CRAIG C. G. (ed.). Noun Classes and Categorization. Typological Studies in Language. The Netherlands: John Benjamins Publishing Company, 1986.
DIMMENDAAL, G. Historical Linguistics and the Comparative Study of African Languages. The Netherlands: John Benjamins Publishing Company, 2011.
GREENBERG, J. H. The languages of Africa. Indiana: Univ, 1966.
GREENBERG, J. H. Classificação das línguas da África. In: Ki-Zerbo J. (ed.). História Geral da África I: Metodologia e pré‑história da África. 2 ed. Brasília: UNESCO, 1981/ 2010. 317-336 p.
GUTHRIE, M. Comparative Bantu: An Introduction to the Comparative Linguistics and Prehistory of the Bantu Languages. Farnborough: Gregg International, 1967-1971.
HURSKAINEN, A. Noun Classification in African Languages. In: UNTERBECK, B.; et al. Gender in Grammar and Cognition. Trends in Linguistics. Berlin: Walter de Gruyter GmbH & Co, 2000.
KATAMBA, F. Bantu Nominal Morphology. In: Nurse, D.; Philippson, G. (ed.) The Bantu languages. London: Routledge, 2003.
KIEBLING, R. Borderline cases in Grassfields Bantu morphology and their historical significance in a wider (Benue-Congo) perspective. In. WORLD CONGRESS OF AFRICAN LINGUISTICS, 6th. University of Cologne, 2009.
KLEINEWILLINGHOFER, U. Relationship between Adamawa and Gur: the case of Waja and Tula. Gur Papers/Cahiers: Voltaïques, 1996. 25-45 pp.
KÖVECSES, Z. Metaphor: A Practical Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2010.
LANGACKER, R. Foundations of Cognitive Grammar. Stanford: Stanford University Press, 1987.
LIPHOLA, M. Aspects of phonology and morphology of Shimakonde. 2001. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Curso de Pós-Graduação em Linguística, Ohio State University, Ohio, 2002.
LWANGA-LUNYIIGO, S; VANSINA, J. Os povos falantes de Bantu e sua expansão. In: EL FASI, M.; HRBEK, L. (ed.). História Geral da África III – África do século VII ao XI. 2 ed. Brasília: UNESCO, 1988/2010. 169-196 pp.
MAHO, J. F. A comparative study of Bantu noun classes. Gothenburg: Acta Universitatis Gothoburgensis. 1999.
MATSUKI, K. Metaphors of anger in Japanese. In TAYLOR, J. R. & MACLAURYR. (Eds.), Language and the cognitive construal of the world (pp. 137–151). Berlin: Mouton de Gruyter. 1995.
MCHOMBO, S. A. Chichewa (Bantu). In: Spencer, A.; Zwicky, A. M. The Handbook of Morphology. New Jersey: John Wiley & Sons, 2017. 500-520 pp.
MEINHOF, C; VAN WARMELO, N. J. Introduction to the phonology of the Bantu languages. Berlin: Dietrich Reimer, 1931.
MEEUSSEN, A. Bantu grammatical reconstructions. Africana Linguística: Tervuren, 1967. 79-121 pp.
MSAKA, K. Nominal Classification in Bantu Revisited: The Perspective from Chichewa. 2019. Dissertação (Mestrado em linguística) - Stellenbosch University, Stellenbosch.
NGUNGA, A. Apontamentos de Linguística Bantu. Maputo: Faculdade de Letras-UEM, 2000.
NGUNGA, A.; et al. Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas: Relatório do IV Seminário. Maputo: UEM, Imprensa Universitária, 2022.
NURSE, D; PHILIPPSON, G. The Bantu languages. London: Routledge, 2003.
SHORE, B. Culture in Mind: Cognition, Culture, and the Problem of Meaning. New York: Oxford University Press.1995.
SITOE. B. Resultados de Estudo de Introdução de Melhorias na Ortografia da Língua Tsonga. (ms Policopiado), 1996.
VIEIRA, I. Nominalizações em -da: Uma aproximação. Centro de Linguística da Universidade do Porto, 2009. 58-70 pp.
WELMERS, W. E. African Language Structures. Berkeley: UCP, 1973.
YU, N. The contemporary theory of metaphor: A perspective from Chinese. Amsterdam: John Benjamins. 1998.