CLASSES E PREFIXOS NOMINAIS EM BANTU

prefixo da classe 6 (ma-) como uma evidência de nomes silenciosos em Bantu

Palavras-chave: Classes e prefixos nominais em Bantu, Léxico, Nomes silenciosos

Resumo

As línguas Bantu exibem uma estrutura do verbo complexa, não só por causa das suas posições disponíveis a receber os constituintes internos do verbo, mas, sobretudo, pela sua relação com a sintaxe. Mais recentemente, linguistas viraram também as suas atenções à (re)análise às classes e prefixos nominais. A literatura tende a considerar, usando uma análise funcionalista dos seus constituintes, que o prefixo nominal licencia informação gramatical de género (singular e plural), seguindo assim a linha dos pioneiros nestes estudos. Por estas línguas apresentarem um número  de classes nominais que varia entre 1 e 10, e sendo interpretadas, grosso modo, como marcando a oposição singular/plural, o que é considerado redutor para as línguas que têm uma morfologia verbal tão complexa. Hipóteses vão sugerindo que as classes e prefixos nominais codificam informação lexical (Bleek, 1862). Desse modo, sugere-se que os prefixos nominais  sejam reanalisados como uma derivação, no sentido tradicional do termo e não uma flexão como commumente têm vindo a ser classificados. Com o intuito de testar essas hipóteses, através de uma abordagem comparativa, apoiando por entrevistas, filologia e introspecção, o presente artigo argumenta a favor da codificação lexical das classes e prefixos nominais em Changana (S53), corroborando com a hipótese avançada por Taraldsen et al. (2018) da reanálise dos prefixos nominais em nomes silenciosos.

Referências

BLEEK, W.H. A Comparative Grammar of South African Languages. Cape Town and London: J.C. Juta and Trübner & Co. 1862.
BLEEK, W.H. A Comparative of grammar of South African Languages. London: Trübner & Co.60. Paternoster Row. 1871
BONFIM, F. B.; LANGA, D. Disjoint/conjoint alternation and the low focus position in Xichangana (S53). Colloquium on African Languages and Linguistics (CALL), Liden. 2024
BOTNE, R. Lega (Beya Dialect) (D25). In Nurse, D. E Philippson, G. (Eds). The Bantu Languages. London and New York: Routledge. 2003, p 422 -499.
BRUSCIOTTO, G. Regulae Quaedam pro diffimi Congensium idiomatic faciliori captu ad grammaticae norman redactae. (Grammar of the Congo Languages as spoken two hundred years ago). London: East London Institute for Home and Foreign Missions. 1659.
CLAUÂNE, P. O Comportamento dos objectos pós-verbais em Construções Aplicativas do Changana. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 2023.
DE BLOIS, K.F. The augment in the Bantu languages. In: Africana Linguistica 4, 1970. pp. 85-165; doi : https://doi.org/10.3406/aflin.1970.879 https://www.persee.fr/doc/aflin_2033-8732_1970_num_4_1_879
DEVOS, M. 2004. A Grammar of Makwe. Leiden: Universiteit Leiden.
DOKE, C. M. The Southern Bantu languages. Handbook of African languages. London: Oxford University Press for the International African Institute (IAI). 1954.
GUTHRIE, M. Comparative Bantu: an introduction to the comparative linguistics and prehistory of the Bantu languages, 4 vols. Letchworth UK & Brookfield VT: Gregg International. 1967/71.
KATAMBA, F. Bantu Nominal Morphology. In: NURSE, Derek; PHILLIPPSON, Gérard. The Bantu Languages. London/New York: Routledge, 2003. Pp103-120.
KATUPHA, J. 1991. The grammar of Emakhuwa verbal extensions: An investigation of the role of extension morphemes in derivational Verb morphology and in grammatical relations. London: University of London, 1991.
KATUPHA, J. A Preliminary Description of Sentence Structure in The e-Sáaka Dialect of e-Mákhuwa. (Tese de Mestrado não publicada). London: University of London, 1983.
LANGA, D e VALIAS, T. Extensões verbais em Xizronga (S54): uma análise preliminar das implicações morfossintáticas da combinação das extensões verbais causativa e aplicativa. In. Nhampoca, Ezra; Langa, D e Timbane, A. Descrição Linguística, Educação e Cultura em Contextos Pós-coloniais. Belém-PA: Home Editora. 2022, pp 13-34.
MAHO, J. A Comparative Study of Bantu Languages. (Orientalia et Africana Gothenburgensia 15). Gothenburg: Acta Universitatis Gothenburgensis. 1999.
MEEUSSEN, A. E. Bantu grammatical reconstructions. In: Africana linguistica III. Annalen van het Koninklijk Museum voor Midden-Afrika, menselijke wetenschappen, n 61. Tervuren. 1967, p 79-121.
MEINHOF, C. Introduction to the Phonology of the Bantu Languages. Berlim: Dretrich Reimer. 1932.
MUTAKA, N. M.; Tamanji, Pius Ngwa. An introduction to African linguistics. Lincom handbooks in linguistics, n 16. Munich: Lincom Europa. 2000.
NGUNGA, A. Class 5 allomorphy in Ciyao. Studies in African Linguistics Volume 26, Number 2, Fall 1997. Pp 165 – 192. View of Class 5 allomorphy in Ciyao (flvc.org) acesso a 31.05.2023
NGUNGA, A. Phonology and Morphology of Ciyao Verbs. New York, Chicago, San Francisco, Toronto, London: Holt, Rinehart and Winston. 2000.
NGUNGA, A. Elementos de Gramática da Língua Yao. Maputo, Imprensa Universitária, 2002.
NGUNGA, Armindo. Introdução à Linguística Bantu. Maputo: Imprensa Universitária. 2004; 2014.
NGUNGA, A; MATHANGWANE, J. Revisiting the study of class 5 in Bantu. Journal of the Linguistics Association of Southern African Development Community [SADC] Universities, v. 4, n. 2, 2015, p. 35-40.
PERREIRA, B. Feature checking and silent nouns in brasilian Portuguese nominal agreement. Estudos Linguísticos e Literários. Nº 77, JAN-JUN|2024, Salvador: pp. 290-315
RIBEIRO, A. Gramática Changana (Tsonga). Kusubi: Marianum Press SSPC. 1965.
SITOE, B. Dicionário Changana-Português. Maputo: Texto Editores, 2011.
TARALDSEN, K. T.; MEDOVÁ, L.T; LANGA, D. “Class prefixes as specifiers in Southern Bantu.” Natural Language & Linguistic Theory 36 (2018): 1339-1394. DOI:10.1007/S11049-017-9394-8.
TORREND, J. A grammar of the language of lower Zambezi. Typographia da Missão de Chupanga, Via Zambézia. 1900
Publicado
2025-08-08