CONSTRUÇÕES APLICATIVAS EM KIMWANI
uma abordagem formal
Resumo
Este trabalho apresenta uma análise formal sobre as construções aplicativas em Kimwani (G45), que são realizadas pelo morfema {-ir-} e seus alomorfes. Esta análise tem como justificativa o fato de que essa língua é pouco documentada e também por haver ainda poucos estudos que investigam o comportamento do objeto aplicado e do objeto direto nas construções aplicativas. Nesse sentido, visamos averiguar se Kimwani é uma língua de objetos simétricos ou assimétricos. Tendo em vista essa assunção, o presente artigo busca efetuar uma análise descritiva e teórica sobre o fenômeno. Ancoramos nossa análise nos pressupostos teóricos da Sintaxe Gerativa, em sua versão mais recente, o Programa Minimalista, e também em trabalhos que discorrem acerca da propriedade gramatical da extensão verbal aplicativa em diferentes línguas bantu. Apresentamos uma descrição de contextos em que verbos meteorológicos, inacusativos, inergativos e transitivos biargumentais podem ser aplicativizados. Propomos que as construções aplicativas possuem um comportamento assimétrico, considerando que apenas o objeto aplicado engatilha a marca de objeto no verbo e pode ser apassivizado. A proposta é a de que o núcleo fásico Applº não abre uma posição extra de especificador para permitir que o objeto direto escape do VP, antes que ele seja enviado a Spell-Out. Assim, apenas o objeto aplicado pode ser alçado para Spec-IP nas construções passivas e pode engatilhar a marcação de objeto no verbo.
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