PERCEPÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE DE MAPUTO: variação sócio-espacial e factores influentes

Autores

  • Boaventura Cau Universidade Eduardo Mondlane (UEM)
  • Carlos Arnaldo Universidade Eduardo Mondlane (UEM)
  • Milton Sengo Universidade Eduardo Mondlane (UEM)
  • Joaquim Maloa Centro de Pesquisa em População e Saúde

Resumo

O consumo excessivo de álcool é um factor de risco de saúde e está ligado a problemas sociais tais como acidentes de viação, violência e prática de crimes. Embora o consumo de álcool seja comum em Moçambique, são raros estudos que procuram avaliar as percepções do público sobre esse comportamento. Usando dados secundários de uma amostra representativa dos residentes do município de Maputo (N=1631), este estudo emprega técnicas de análise estatística descritiva e de regressão logística multinível para avaliar a variação espacial do nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública no território municipal, assim como os factores socioeconómicos que influenciam tal variação. Os resultados indicam que o consumo de álcool é percebido como um problema de saúde pública em todo o município de Maputo. Contudo, o nível dessa percepção varia entre os distritos municipais. Essa variação é explicada por factores socioeconómicos que caracterizam os distritos municipais.

Referências

AGADJANIAN, V.; ARNALDO, C.; CAU, B. Health costs of wealth gains: labor migration and perceptions of HIV/AIDS risks in Mozambique. Social Forces, v.89, p.1097-1118, Jumho, 2011.

ARNALDO, C. et al. Barómetro de Saúde: Práticas individuais e comunitárias de promoção de saúde na Cidade de Maputo. Maputo: Centro de Pesquisa em População e Saúde, 2015.

BARNES, G. M .et al. Effects of neighbourhood disadvantage on problem gambling and alcohol abuse. Journal of Behavioral Addictions. v.2, p.82-89, Abril, 2013.

BARROS, C. P.; CHIVANGUE, A. e SAMAGAIO, A. Urban dynamics in Maputo, Mozambique. Cities.v.36, p.74-82, 2014.

BOARDMAN, J.D. et al. Neighborhood disadvantage, stress, and drug use among adults. Journal of Health and Social Behavior. v.42, p.151-165, Junho, 2001.

BOFFETTA, P. et al. The burden of cancer attributable to alcohol drinking. Int. J. Cancer. v. 119, p.884-887, 2006.

BOTZEN, W.J.W.; AERTS, J.C.J.; van den BERGH, J.C.J. Dependence of flood risk perceptions on socioeconomic and objective risk factors. Water Resources Research. v.45, p.104-140, 2009.

BOYD, E. et al. Environmentalities of urban climate governance in Maputo, Mozambique. Global Environmental Change. v.26, p.140-151, 2014.

BROWN, J. et al. A controlled, before-and-after trial of an urban sanitation intervention to reduce enteric infectious in children: research protocol for the Maputo Sanitation (MapSan) study, Mozambique. BMJ Open, v5, 2015.

BUBECK, P. e AERTS, J.C.J. A review of risk perceptions and other factors that influence flood mitigation behaviour. Risk Analysis. v.32, p.1481-1495, 2012.

CANDA, E.D. Estudo exploratório sobre o consumo de álcool e atitudes sobre a gravidez e maternidade em grávidas utentes dos hospitais gerais: José Macamo e Mavalane. 2014.45f. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano), Universidade Católica Portuguesa, 2014.

CARDOSO, L.G.V.; MELO, A.P.S. e CESAR, C.C. Prevalência do consumo moderado e excessivo de álcool e factores associados entre residentes de comunidades Quilombolas de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. v.20, p.809-820, 2015.

CASTANO-PEREZ, G.A.; CALDERON-VALLEJO, G.A. Problemas associados ao consumo de álcool em estudantes universitários. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v.22, p.739-746, Outubro, 2014.

CERDÁ, M. et al. The relationship between neighborhood poverty and alcohol use: estimation by marginal structured models. Epidemiology. v.21, p.482-489, Julho, 2010.

CHEN, L.et al. Alcohol intake and blood pressure: a systematic review implementing a Mendelian Randomization Approach. PLoS Medicine. v.5, n. 52, 2008.

Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Padrão de consumo de álcool. Disponível em: < http://www.cisa.org.br/artigo/4405/padroes-consumo-alcool.php>. Acesso em: 08 de Maio de 2019.

COOK, R.T. Alcohol abuse, alcoholism, and damage to the immune system – a review. Alcoholism: Clinical and Experimental Research. v.22, p.1927-1942, Dezembro, 1998.

De ALMEIDA, R.M.; PASA, G.G.; SCHEFFER, M. Álcool e violência em homens e mulheres. Psicologia: Reflexão e Crítica. v.22, p.252-260, 2008.

HANSINE, R. Disparidades da fecundidade intraurbana e as desigualdades sócio-espaciais na cidade de Maputo. In: ARNALDO, C.; CAU, B.M.; CHILUNDO, B.; PICARDO, J.J. e GRIFFIN, S. (org.). Planeamento familiar e políticas de saúde sexual e reprodutiva em Moçambique. Maputo: Centro de Pesquisa em População e Saúde, 2019. p. 135-161.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Inquérito integrado à força de trabalho (IFTRAB2004/05) – Relatório final. Maputo: Instituto Nacional de Estatística – Moçambique, 2006.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Estatísticas de acidentes de viação, 2013-2015. Maputo: Instituto Nacional de Estatística – Moçambique, 2016.

JITNARIN, N. et al. Neighborhood environment perceptions and the likelihood of smoking and alcohol use. International Journal of Environmental Research and Public Health. v.12, p.784-799, 2015.

KARVONEN, S. e RIMPELA, A. H. Urban small area variation in adolescents’ health behaviour”. Social Science & Medicine.v.45, p.1089-1098, 1997.

KUIPERS, M.A.G.et al. The association between neighbourhood disorder, social cohesion and hazardous alcohol use: A national multilevel study. Drug & Alcohol Dependence. v.126, p.27-34, 2012.

KULU, H. Why fertility levels vary between urban and rural areas? Regional Studies. v.46, p.895-912, 2013.

KULU, H.; BOYLE, P.J. e ANDERSSON, G. High suburban fertility: evidence from four Northern European countries. Demographic Research. v.21, p.915-944, Dezembro, 2009.

LESLIE, H.H. et al. Collective efficacy, alcohol outlet density, and young men’s alcohol use in rural South Africa. Health & Place. v.34, p.190-194, 2015.

LINK, B.G. e PHELAN. J. Social conditions as fundamental causes of disease. Journal of Health and Social Behavior. v.35, p.80-94, 1995.

MACINTYRE, K. et al. Understanding perceptions of HIV risk among adolescents in KwaZulu-Natal. AIDS and Behavior. v.8, p.237-250, Setembro, 2004.

MARTINS, R.A. et al. Padrão de consumo de álcool entre estudantes do ensino médio de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Revista Electrónica Saúde Mental Álcool e Drogas. v.4, p.1-16, 2008.

MOURA, E.C.; MALTA, D. C. Consumo de bebidas alcoólicas na população brasileira: Características sociodemográficas e tendência. Revista Brasileira de Epidemiologia. v.14, p.61-70, 2011.

OBOT, I.S. Alcohol use and related problems in sub-Saharan Africa. African Journal of Drugs & Alcohol Studies. v.5, p.17-26, 2006.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAUDE – MOÇAMBIQUE. Governo e parceiros discutem o consumo nocivo de álcool. Comunicado de Imprensa No. 17/2011. Organização Mundial da Saúde, Moçambique. Disponível em: http://cspace.eportuguese.org/tiki-download_file.php?fileId=720. Acesso em: 28 de Setembro de 2017.

PADRÃO, P. et al. Alcohol consumption in Mozambique: regular consumption, weekly patternandbingedrinking. Drugand Alcohol Dependence. v.115, p.87-93, 2011a.

PADRÃO, P. et al. Association between tobacco consumption and alcohol, vegetable and fruit intanke across urban and rural areas in Mozambique. J. Epidemiol. Community Health. v.65, p.445-453, 2011b.

PUDDEY, I.B.; BEILIN, L.J. Alcohol is bad for blood pressure. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology. v.33, p.847-852, 2006.

ROERECKE, M. et al. The effect of a reduction in alcohol consumption on blood pressure: a systematic review. Lancet Public Health. v.2, p. e108–20, 2017.

SALIHA, C. Marginalite socio-spatiale, violeneet sentiment d’insecurite dans les quartiersperipheriques de constantine: Cas de boudraasalahet d’el gammas. Tese (Doutoramento em Arquitectura e Urbanismo), Facultedessciences de l aterre de la geographieet de L’amenagementduterritoire. Universidade Mentouri de Constantine, 2011.

STEELE, F. Module 5: Introduction to Multilevel modelling concepts. Centre for Multilevel Modelling, 2010. Disponível em: http://www.cmm.bris.ac.uk/lemma/. Acesso em: 06 de novembro de 2012.

SHUPER, P.A.et al. Causal considerations on alcohol and HIV/AIDS – a systematic review. Alcohol & Alcoholism. v.45, p.159-166, 2010.

SOOMAN, A.; MACINTYRE, S. Health and perceptions of the local environment in socially contrasting neighbourhoods in Glasgow. Health & Place.v.1, p.15-26, 1995.

THEALL, K.P.et al. The neighborhood alcohol environment and at-risk drinking among African Americans. Alcohol Clin. Exp. Res. v.35, p.996-1003, Maio, 2011.

WAINBERG, M. et al. Hazardous alcohol use among female heads-of-household in rural Mozambique. Alcohol. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.alcohol.2018.03.011. Acesso em: 24 de maio de 2018.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Self-help strategies for cutting down or stopping substance use: a guide. Geneva: World Health Organization, 2010. 41p.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on alcohol and health 2014. Geneva: World Health Organization, 2014. 376p.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Alcohol. Disponível em: http://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/alcohol. Acesso em: 24 de maio de 2018.

##submission.downloads##

Publicado

2020-10-16

Como Citar

Cau, B. ., Arnaldo, C. ., Sengo, M. ., & Maloa, J. . (2020). PERCEPÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE DE MAPUTO: variação sócio-espacial e factores influentes. Revista Científica Da UEM: Série Letras E Ciências Sociais, 1(2). Obtido de http://www.revistacientifica.uem.mz/revista/index.php/lcs/article/view/48

Edição

Secção

Artigos